Vamos pegar essa onda?



“Temos que ser surfistas no futuro. E, enquanto estamos em busca do tubo perfeito, deixar o mar fazer a sua parte.”



Falar em onda nos dias atuais, pode levar as pessoas a pensarem que o assunto é a segunda onda do coronavírus.

Nada disso!

Até porque esse tema lembra a perda de entes queridos, a deterioração do trabalho, o sumiço do dinheiro, a ruína da liberdade e até o isolamento em relação às pessoas que gostamos.

Essa onda, aliás, tornou nosso barco pesado demais. Mas é inegável que, com tantas mudanças e dificuldades, estamos diante de uma enorme oportunidade de podermos jogar no mar os lastros, tudo que nos deixa lentos e pesados, menos ágeis e felizes perante as coisas da vida.

Mais que nunca, é necessário desembarcar as amizades interesseiras, as relações tóxicas e os empregos escravizantes. Deixar de lado essa história de almoçar falando ao telefone ou enviando mensagens durante um papo familiar. Essas e tantas outras coisas têm que acabar, pois nada poderá ser como antes quando já temos a consciência de que não podemos deixar o barco à deriva, ao sabor das ondas. Lançar o peso no mar deixa nosso barco mais leve e favorece para que consigamos extrair aprendizado, já que sentimos na pele que a vida pode, sim, ser interrompida a qualquer instante.

A enorme irritabilidade expressa nas brigas por motivos fúteis em grupos e redes sociais está nos levando a perdas irreparáveis. Temos que aprender a viver com foco nos nossos reais sentimentos, sem máscaras, e nas coisas que realmente importam. A dar mais atenção para as pessoas que amamos e, a todas as demais, oferecer empatia, ajuda e compreensão.

Quem ouve tanta notícia recheada de números e indicadores complicados fica estressado e é aconselhado a parar de ver os noticiários. Não podemos ficar alheios a tudo que nos cerca, mas não podemos dar exclusividade aos estímulos que nos incomodam.

Não podemos ignorar o peso do nosso barco e a força das ondas. Como determina Gilberto Gil, nos versos da música “Retiros Espirituais”, em relação à forma com que deveremos nos comportar ao nos depararmos com os problemas: “resolver tê-los é ter, resolver ignorá-los é ter!”.

Então, xô uruca!

Vamos entrar na onda que gostamos. Aquela que nos leva, nos entusiasma, nos faz contemplar e nos permite surfar.

As ondas do mar e do surfe, esse esporte olímpico de rara beleza, que tanto prazer dá a quem pratica ou assiste. Surgiu na Polinésia quando os pescadores perceberam que, usando uma tábua de madeira, seria mais fácil chegar à margem do mar.

Para o surfista, o tubo é o apogeu, o êxtase. Ele acontece quando a parte oca da onda é projetada à frente e ele consegue se encaixar dentro daquele espaço, numa viagem alucinante pelo interior da onda.

O surfista passa debaixo da água no exato momento em que a onda está quebrando. Por isso, ele tem que ter um perfeito sincronismo com essa força da natureza e total controle da velocidade, do equilíbrio e da trajetória.

A experiência o leva a ser paciente para esperar a onda perfeita. Não fosse assim, qual seria a graça de pegar uma onda e chegar logo na areia?

Levar alguns minutos para furar a arrebentação para depois surfar uma onda que dura apenas 10 segundos, não teria a menor graça.

Por vezes, vê, ao longe, boas ondas quebrando verdejantes, sem que consiga alcançá-las. Só resta, então, contemplar sua beleza, entendendo que, de alguma forma, ela faz parte de um todo que não se controla e que não pode interferir, mas que, de alguma forma, o alcança e o inclui. E dessa forma, o convida a participar, com resiliência e humildade.

O estado de espírito do surfista nos ensina muito e deve ser implantado na nossa vida daqui pra frente.

A partir de agora, temos que prestar mais atenção nos movimentos e na sincronicidade das coisas da vida. Esperar o momento certo. Deixar o balanço das águas nos conduzir para lugares ideais.

E, sem ansiedade, nesse trajeto, contemplar o belo, oferecendo às pessoas sonhos possíveis, em boas conversas e em papos terapêuticos, ouvindo sem termos a pretensão de mudá-las para se adaptarem ao nosso ponto de vista.

“Viver a vida sobre as ondas”, como nos ensina Lulu Santos!

Para tornarmos a vida mais divertida e mais interessante, temos que aprender a emendar uma onda na outra. Afinal, o barato é pegar um tubo, depois outro e outro mais. Nada como um dia após o outro…

Temos que ser surfistas no futuro. E, enquanto estamos em busca do tubo perfeito, deixar o mar fazer a sua parte.

Contemplar e esperar as coisas acontecerem, com paciência, deixando a ansiedade de lado, contemplando a beleza da vida, das relações e do amor. Aquele mesmo amor que os ensinou o Criador. Alguém que, num tempo distante, até mesmo andou sobre o mar.

Vamos pegar esta onda?

TEXTO POR:

AMIR EL-KOUBA E MIGUEL JABOUR

Amir El-Kouba é consultor e CEO da El-Kouba Consultoria Empresarial, psicólogo, especialista em Método Científico, Comportamento Organizacional e Mestre em Administração Estratégica. Docente de MBA’s da Fundação Getúlio Vargas de disciplinas relacionadas à Liderança e Gestão de Equipes de Alta Performance. É autor do livro “Vencendo Desafios do Equilíbrio Físico, Mental e Espiritual”. É empreendedor na área de logística e idealizador do Vencendo Desafios® em contato com a natureza.

Miguel Jabour é advogado e publicitário, com grande vivência no mercado na relação com o mercado e com o cliente. Especialista em gestão, é consultor empresarial nas áreas de estratégia comercial e publicidade. Possui larga experiência profissional, tendo ocupado cargos importantes em grandes empresas em diversas regiões do país. Suas reflexões estimulam empreendedores e gestores de todas as áreas a repensarem sua atuação profissional e sua carreira. Utiliza, também, a música e o esporte, seus grandes hobbies, para promover importantes analogias com o ambiente corporativo, visando o desenvolvimento de estratégias humanas e de gestão. Miguel Jabour é consultor máster da El-Kouba Consultoria Empresarial.

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